João Loureiro da Rocha Páris Barbosa e Vasconcelos, filho de Joaquim Barbosa Pinto de Vasconcelos – natural de Leiria, era bacharel formado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, capitão de artilharia e comandante do material de guerra na praça de Valença do Minho – e de Delfina Cândida Loureiro da Rocha Páris, nasceu em Viana do Castelo, à Rua da Bandeira, n.º 86, a 17 de Abril de 1868.
Estudou no Colégio Militar, frequentou a Escola do Exército, tendo sido graduado em alferes de Infantaria. Não pôde seguir a arma de Artilharia, pelo que pouco depois, como alferes de Infantaria, passou à situação de licença ilimitada. Antes de tencionar seguir a carreira das armas, chegou a concluir o curso de Matemática e Filosofia, na Universidade de Coimbra, onde conviveu com muitos jovens talentosos da época, entre os quais, António Nobre, Toy e Alberto Oliveira, sendo que este último, ao notar-lhe um temperamento introspetivo, estudioso e ascético, o apelidou de Frei, alcunha que nunca mais se desligou do seu nome.
Dedicou-se à carreira literária, vindo a lecionar em Barcelos e no Liceu de Viana do Castelo. João da Rocha foi poeta, investigador e crítico, mas dispersou-se na colaboração por jornais, revistas e números únicos, do que resultou perder-se a maior parte da sua produção literária.
Como republicano convicto, fundou e dirigiu em Viana do Castelo a «Folha de Viana», jornal trissemanário que se propunha “seguir a mais absoluta lealdade republicana”. O primeiro número saiu a 17 de Abril de 1911. Foi neste mesmo jornal que publicou as suas traduções, diretamente do provençal e em verso, da Mireio e outras obras de Mistral. Fundou e dirigiu ainda, em 1910 e 1911, a revista Límia, cuja admirável apresentação gráfica e artística e escolhida colaboração literária a tornaram uma das melhores publicações portuguesas; a Revista d’Hoje e o Boletim da Liga de Instrução de Viana-do-Castelo. Colaborou nos jornais A Aurora do Lima, O Povo, O Minho e em Les Droits de l’Home, de Paris.
Na sua ligação à política, após a proclamação da República, foi nomeado Presidente das Oficinas de S. José, e integrou a Comissão Distrital do Partido Republicano. Filiou-se depois no Partido Evolucionista. Nessa qualidade, foi em 1916 chamado pelo Dr. António José de Almeida, então Presidente do Ministério, para seu chefe de gabinete e em 1919 para seu secretário particular quando Presidente da República, cargo esse em que viria a falecer. Em Lisboa, foi redator do jornal A República e administrador da Companhia do Niassa por decreto governamental.
Deixou alguns trabalhos inéditos. Entre as suas obras, compostas em volume, contam-se: Nossa Senhora do Lar (poesias), 1900; Memórias de um Médium (excertos do diário sobre espiritismo, a que se tinha dedicado na sua juventude), 1900; Angústias (contos), 1901; A Lenda de Sagres(observações a um opúsculo sobre o assunto, de J. Tomé da Silva), 1915; A Lenda Infantista (obra de crítica histórica), 1915.
Faleceu, em Lisboa, à Rua de Santo António dos Capuchos, n.º 80, 1.º andar, a 1 de Fevereiro de 1921. A propósito do seu falecimento, no jornal A Aurora do Lima, 66.º ano, n.º11, 1 de Fevereiro de 1921, pode ler-se: Uma imensa mágoa veio agora de chofre ferir o nosso coração já torturado por tamanhos dissabores. / Há poucos instantes, inesperadamente, o telégrafo transmitiu para esta cidade a desoladora notícia da morte daquele ilustre e egrégio vianense, honra da nossa terra, honra do país, que aí deixa o seu nome enobrecido por um talento de primeira grandeza, assinalado por uma erudição verdadeiramente prodigiosa. / Na moderna geração de homens de letras portugueses ocupava o Sr. João da Rocha um dos lugares mais primaciais e privilegiados, porque o seu nobre espírito, desde os mais verdes anos dedicado à ciência e às belas letras, depurou-se por um estudo paciente e metódico, que lhe deu uma das mais vastas culturas de que temos conhecimento nos nossos dias.
A 2 de Abril de 1922, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, por arrematação judicial, adquiriu por 20.182$00, a valiosa e “selecta livraria” (Biblioteca) de João da Rocha, composta de um incunábulo, 5.725 obras completas e 183 incompletas em 466 volumes, além de 65 lotes de revistas científicas e literárias (cf. LEMOS, Júlio de – A Biblioteca, o Museu e o Arquivo de Viana do Castelo. Lisboa: Edições do Templo, 1978, p. 16). Atualmente, esta biblioteca está identificada pela sigla JR, não correspondendo exatamente ao número de volumes assinalado por Júlio de Lemos.
Filho de Silvino Rodrigues de Carvalho e de Aurora da Costa Rodrigues Lima, nasceu em Vila Franca do Lima, Viana do Castelo, em 27 de Setembro de 1928 e faleceu, vítima de doença prolongada, em 30 de Outubro de 2006, com 78 anos de idade.
Abílio Lima de Carvalho ingressou nos seminários arquidiocesanos de Braga, que frequentou até quase ao final o Curso de Teologia, altura em que se transferiu para a diocese de Nova Lisboa, onde se ordenou sacerdote em 1953. Possuía formação académica centrada no domínio das Ciências Sociais, obtida em diversas universidades. Após uma formação de base (licenciatura e pós-graduação) em Filosofia e Ciências Sociais na Universidade Gregoriana e na Universidade Internacional Angelicum em Roma, doutorou-se na Universidade de Columbia, Faculdade de Ciências Políticas e Sociais, na especialidade de Antropologia (ramo principal) e Sociologia (ramo complementar).
O seu envolvimento directo em lides académicas prolongou-se por 37 anos, desde 1961 a 1998, ano em que se jubilou, tendo começado por ser professor auxiliar no Instituto Superior de Estudos Ultramarinos e depois como professor extraordinário, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, na Faculdade de Ciências de Lisboa, nos Estudos Gerais e na Universidade de Luanda (onde organizou e dirigiu o Curso Superior de Economia), na Universidade Nova de Lisboa (Unidade de Ciências Humanas e Sociais), na Universidade Católica Portuguesa (como convidado) e na Universidade do Minho onde foi professor catedrático. Ao longo da sua trajectória académica colaborou com especialistas, professores e investigadores, de prestígio nacional e internacional, tendo visitado universidades e centros de investigação na Europa, América do Norte, América do Sul e África, por convite ou como equiparado a bolseiro.
O Professor Doutor Abílio Lima de Carvalho foi presidente da Unidade de Ciências Sociais, do Centro de Desenvolvimento Regional e do Centro de Ciências Históricas e Sociais da Universidade do Minho, vice-presidente da Junta Científica do Ultramar, diretor do Departamento de Ciências Etnológicas e Etno-Museológicas, diretor do Centro de Estudos Africanos e Asiáticos, diretor do Museu de Etnologia, presidente da Comissão Instaladora do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Agosto 1986 a 1995, e desde Setembro desse ano, Presidente do mesmo Instituto por eleição.
De facto, foi em Viana do Castelo que desenvolveu uma obra notável de enraizamento e crescimento imaterial e físico do Instituto Politécnico, obra que o tornou credor da admiração e reconhecimento da comunidade vianense. Foi a seu leme que o IPVC aumentou o número de escolas, multiplicou o número de cursos, reforçou a componente académica dos docentes, alargou o número de alunos e de funcionários administrativos, enriquecendo, desta forma, de capital humano e de postos de trabalho, a cidade e o distrito. Deixou o IPVC com cinco escolas, distribuídas por três pólos: Viana do Castelo com as Escolas Superiores de Educação, de Tecnologia e Gestão e de Enfermagem; Ponte de Lima com a Escola Superior Agrária; e Valença com a Escola Superior de Ciências Empresariais. Entre as obras mais importantes por si impulsionadas, destacamos: a recuperação do Palácio Rego Barreto para Serviços Centrais do IPVC; a construção do Anfiteatro e Centro de Produção dos mesmos serviços (1991 e 1992); a construção da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, com o seu Campus e Complexo Desportivo e uma bem concebida e equipada Biblioteca central; a adaptação do convento de Refóios a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima; a residência da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima; o Campo Desportivo Polivalente da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima; o edifício das Oficinas Gerais da Escola Superior de Tecnologia e Gestão; a reconversão do ex-BC-9 em Centro Académico; a construção do edifício do Arquivo, Cabine Técnica e Garagens dos Serviços Centrais; a construção, de raiz, da Residência de Estudantes, contígua ao edifício da Escola Superior de Educação; a construção dos balneários da Escola Superior de Educação; a reconversão do edifício das instalações provisórias da Escola Superior de Ciências Empresariais, de Valença; as instalações para equídeos da Escola Superior Agrária, tendo deixado em andamento ou em projecto a construção e equipamento para a Escola Superior de Artes, em Viana do Castelo, as instalações da Escola Superior de Ciências Empresariais em Valença, a ampliação da Escola Superior de Enfermagem, a construção da pista de atletismo, campo de jogos e Pavilhão Gimnodesportivo do IPVC e tinha em mente a execução das empreitadas da Ínsua de Caminha e do Centro Europeu de Dieta Atlântica e do CITTAM. Por ter impulsionado e coordenado todo este notável conjunto de iniciativas e obras que muito contribuíram para o enriquecimento cultural, social e patrimonial da cidade e do distrito, a Câmara Municipal de Viana do Castelo agraciou-o, em 20 de Janeiro de 2002, com o título honorífico de “Cidadão de Honra”.
O seu relacionamento com o meio exterior e a sua interacção com este concretizam-se nos vários cargos que exerceu, dos quais destacamos: Elemento do Gabinete de Investigações Sociais e do Gabinete Técnico da Habitação de Lisboa; professor do Instituto do Serviço Social de Luanda; co-fundador da Associação de Sociólogos da África Austral; membro do Conselho Superior do Ensino Superior; membro dos Conselhos Científicos de Estudos Sociais do INIC e das Escolas Superiores de Educação de Faro e Vila Real; membro da Comissão Luso-Americana (Fullbrigt); membro do Instituto de Relações Internacionais do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa; co-fundador do Fórum Vianense; membro do Gabinete de Cidade de Viana do Castelo; membro do Conselho Científico da Escola Superior da Escola de Tecnologia e Gestão; membro do Conselho Superior do Instituto Católico de Viana do Castelo; membro Coordenador dos Institutos Politécnicos; membro do Conselho Consultivo dos Municípios do Vale do Minho; co-fundador e Presidente do Conselho de Administração da Fundação Fernão de Magalhães para o Desenvolvimento.
À morte do Professor Abílio Lima de Carvalho, seu irmão Nuno Lima de Carvalho, em carta dirigida ao Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, com data de 10 de Setembro de 2008, mandatado por seu irmãos Maria da Conceição, Cândido e José Augusto, e seu cunhado Luís Valença Pinto, resolveu doar parte da biblioteca do Professor Lima de Carvalho, salientando o facto de que “gostaríamos que os livros oferecidos não fossem dispersos pela Biblioteca, antes ficassem dispostos, na sua totalidade, numa mesma sala, (…)”. No dia 14 de Novembro de 2008 foram rececionados na Biblioteca Municipal todos os livros e vários objetos.
O fundo documental, identificado pela cota ALC, é constituído por 751 monografias e 86 periódicos (títulos) que compreendem um leque bastante alargado de assuntos. No entanto, é possível identificar um conjunto de documentos referentes à região de Viana do Castelo e do Alto Minho.
Filho de José Rodrigues dos Santos, funcionário/chefe dos Caminhos de Ferro e de Rosa Pires Barbosa, doméstica, Ernesto Barbosa Rodrigues dos Santos nasceu na freguesia de Monserrate, Viana do Castelo, em 3 de Agosto de 1885 e faleceu na Ordem da Lapa, no Porto, em 18 de Outubro de 1970, com 85 anos de idade. Licenciou-se em Farmácia, na Universidade do Porto, e ali se estabeleceu como farmacêutico na Rua 31 de Janeiro. Foi também sócio de uma drogaria, na Rua Passos Manuel, e proprietário de uma estância de madeiras, na Rua da Constituição.
Sua esposa, D. Laura Barbosa, que viria a falecer em 1952, era uma senhora de requintado gosto: era bibliófila, dedicava-se à pintura e, para além disso, teve um ateliê de elegantes chapéus de senhora cujos modelos ia buscar a Paris.
Com a morte de sua esposa, e porque não tivessem filhos, Ernesto Barbosa dos Santos resolveu doar à Câmara Municipal de Viana do Castelo todo o seu espólio bibliográfico e artístico. Essa doação é anunciada na ata da Câmara de 29 de Outubro de 1965, nos seguintes termos: O Vereador, Senhor Artur Gualberto Rodrigues da Silva e Sandão comunicou que, por diligências havidas entre ele e o vianense Senhor Ernesto Barbosa Rodrigues dos Santos, residente no Porto, ficou assente que o mesmo faria a oferta das suas biblioteca e pinacoteca à cidade da sua naturalidade a fim de serem expostas da forma que for julgada mais conveniente. Disse que essa entrega será imediata para o que o Excelentíssimo Presidente, na próxima semana, se deslocará ao Porto. A Câmara congratulou-se com tal iniciativa e deliberou exarar na acta um voto de agradecimento. Entretanto, nesse mesmo ano, a Biblioteca Municipal mudou-se do Museu Municipal para a “Casa dos Alpuins”, pensando-se que a valiosíssima oferta de Ernesto Barbosa dos Santos terá apressado essa mudança. Hoje, constituída por 2005 monografias e 86 periódicos (títulos), esta oferta destaca-se também pela inclusão de oito quadros a óleo da autoria do pintor Henrique Medina, depositados no Museu de Artes Decorativas a partir de 2008.
A Câmara Municipal de Viana do Castelo atribuiu-lhe, a título póstumo, o título de “Cidadão de Mérito” cujas insígnias foram entregues ao sobrinho-neto, João da Costa Pimenta, na sessão solene comemorativa do aniversário da cidade, realizada em 20 de Janeiro de 2002.
A biblioteca que lhe pertenceu está identificada pela cota EBS no conjunto das coleções particulares da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.
Filho de Gaspar Simões Viana, farmacêutico, e de Sofia da Silva, doméstica, Tomás Simões Viana nasceu na freguesia de Santa Maria Maior, Viana do Castelo, em 2 de Março de 1884 e faleceu na mesma cidade, na sua residência à rua da Bandeira, em 18 de Setembro de 1946.
Após ter frequentado os estudos secundários no Liceu de Viana do Castelo, ingressou na Escola Superior de Farmácia da Universidade do Porto, onde se diplomou, em 30 de Julho de 1904. Na Farmácia Simões, fundada por seu pai em 1882, exerceu a profissão de farmacêutico, vindo, após a morte deste, a ser o seu proprietário e diretor-técnico.
Republicano convicto, Tomás Simões Viana fez parte da Câmara Municipal de Viana do Castelo nos cargos de vereador, vice-presidente e presidente da Comissão Executiva, em resultado das eleições de 1919, 1922 e 1925, não tendo terminado o último triénio para que tinha sido eleito, por ter sido interrompido em virtude do determinado no decreto n.º 11.875, de 13 de Julho de 1926, publicado na sequência do golpe de estado de 28 de Maio, que substituiu a vereação da câmara por uma comissão administrativa.
Como autarca bateu-se empenhadamente pela condigna instalação do Museu Municipal, também lhe merecendo atenção a acomodação da Biblioteca Municipal. As próprias atas camarárias consagram-no como autor e impulsionador de importantes iniciativas de caráter cultural. São disso exemplo a proposta de requisição ao Governo dos serviços de um paleógrafo da Torre do Tombo para “copiar para linguagem corrente as actas mais importantes dos códices dos séculos XV e XVI existentes no Arquivo Municipal”. Contudo, esta tarefa não se viria a realizar por se temer que os elevados custos de tal iniciativa acarretassem críticas do “público ignorante [que] poderia julgar haver no caso desperdício de dinheiros camarários”. Mas viu aprovada e concretizada a sua iniciativa de adquirir para o Arquivo Municipal “a reconstituição comparativa entre o livro (original) das actas das sessões da Câmara de 1580 e o seu apógrafo organizado da Torre do Tombo, trabalho do punho do Sr. José Caldas, por ele anotado e precedido de uma advertência elucidativa”.
Foi, também, em favor da instalação adequada do Museu Municipal que Tomás Simões Viana devotamente se bateu. Por isso, foi ele um dos principais impulsionadores da compra do palacete dos Barbosa e Maciel, na altura conhecido pela Casa das Figuras, para nele ser instalado esta estrutura cultural da cidade. Embora tenha sido por proposta de Rodrigo de Abreu, apresentada na sessão da Câmara de 28 de Setembro de 1921 e aprovada por unanimidade, que se decidiu adquirir o referido edifício, a escritura de compra foi, no entanto, firmada por Tomás Simões Viana, em 15 de Julho de 1922, na qualidade de Presidente em substituição de Rodrigo de Abreu, por este ter sido destacado oficialmente para a Secretaria do Governo de Angola. Depois de tomar conta das chaves do palacete, imediatamente providenciou as obras de adaptação à nova função. Também a Biblioteca Municipal lhe mereceu atenção, já que, depois de obras de adaptação de salas seleccionadas para tal, instalou-a também no mesmo edifício aumentando-lhe o recheio com a compra da importante biblioteca de João da Rocha (O Frei).
Para além da sua importante acção política, Tomás Simões Viana, desde cedo, dedicou-se à arqueologia, área onde evidenciou notórias qualidades de investigador. Como arqueólogo, o seu nome está ligado à Citânia de Santa Luzia, vulgarmente conhecida por “Cidade Velha”, cujas intervenções e escavações defendeu e que vieram a surtir efeito de 1935 a 1939, período em que ali foram realizados trabalhos, sob a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, com o objectivo de proceder à limpeza geral de todo o castro e ao aprofundamento e conclusão das anteriores escavações realizadas por Possidónio da Silva e Albano Belino.
Num curioso apontamento que intitulou “Lendas da «Cidade-Velha»”, Tomás Simões Viana revela-nos o seu interesse pela etnografia ao dar-nos a conhecer uma das lendas associada às ruínas de Santa Luzia que se prende com a existência, naquele local, da “Arca da Peste”. Publicou outros trabalhos como: “Gafarias da Ribeira-Lima”, 1933; “Estações paleolíticas de Abelheira e Meadela”, 1933; “Uma contra vítrea policroma”, 1934. Colaborou também nas revistas “Arquivo do Alto Minho” e “Alto Minho” onde, no âmbito da recolha etnográfica, publicou “Emplastadeiras”, “Um esconderijo de fundidor” e, juntamente com Alberto Couto e José Rosa de Araújo, “Subsídios Etnográficos”, alguns costumes e tradições provenientes de recolha efectuada em diferentes locais do concelho de Viana. Além destes trabalhos, Tomás Simões Viana deixou vasta colaboração dispersa pelos jornais “República” e “A Aurora do Lima”, de Viana do Castelo, e no jornal “República”, de Lisboa, de que foi correspondente. Usou, por vezes, o pseudónimo de Silex.
Para além da sua notável erudição e cultura, Tomás Simões Viana viria também a revelar-se um exímio desenhador e caricaturista. Participou em vários encontros e congressos científicos, e contactou com diversos especialistas e homens de cultura como José Leite de Vasconcelos, Mendes Correia, Álvaro Maria Las Casas, António Cardiellos, Afonso do Paço, Júlio de Lemos, Leandro Quintas Neves, José Rosa de Araújo, Rodrigo Abreu e muitos outros.
Ao longo da sua vida, foram várias as funções que desempenhou e as instituições a que pertenceu, vindo a ser agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada. Foi capitão-farmacêutico das Formações Sanitárias da Cruz Vermelha Portuguesa (delegação de Viana do Castelo), delegado distrital da Junta Nacional de Educação e pertenceu ao Instituto Histórico do Minho, à Associação dos Arqueólogos Portugueses, à Sociedade de Geografia de Lisboa e à Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia.
A biblioteca de Tomás Simões Viana foi oferecida à Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, em 3 de Abril de 2006, pelos sobrinhos herdeiros Drs. Gaspar Soares Brandão Simões Viana e António Alfredo Soares Brandão Simões Viana. O espólio bibliográfico oferecido, identificado com a sigla TSV, reveste-se de uma importância acrescida pelo facto de Tomás Simões Viana ter sido um bibliófilo de nomeada, encontrando-se entre os livros da sua biblioteca, obras raríssimas que vão até ao séc. XVI. O referido espólio é constituído por 1761 monografias e 61 periódicos (títulos) compreendendo sobretudo as áreas da Literatura, da Política e da Religião.
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